quinta-feira, 19 de abril de 2012

Educação preferencial

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Em razão da nova velha condição deste humilde blogueiro (já me classifico como tal; afinal de contas sou proprietário dessa ferramenta da mídia eletrônica que justifica tal denominação...além de achar chique...), a qual é conhecida como paternidade - no meu caso, reestruturada pela inserção de mais um novo membro da família, afastei-me temporariamente de um dos meus hobbies preferidos: a Web. A felicidade de ter uma preciosidade parida do ventre de meu outro tesouro em meus braços - às vezes, metade da noite - tem seu preço...a incapacidade de permanecer em pleno estado de atividade mental e física à frente de meu velho companheiro, monitor...mas a pesadas custas, insisto-me em abrir os olhos e deixar mais um registro de meus pensamentos cotidianos...diga-se de passagem, a mil por hora, mesmo em estado de sono profundo...
Ultimamente, sentindo-me como as 3 das 5 figuras expostas acima (a 1ª, 2ª e 4ª), em uma de minhas diárias viagens no rotineiro fluxo casa-trabalho-trabalho-casa, pus-me a refletir - reincidentemente, pois tal pensamento já aflorou em minha mente diversas vezes - sobre o significado, a coerência e o ideal a que se destina a famosa plaquetinha - como a estampada no início deste post - utilizada nos mais diversos locais públicos das cidades. Como na ocasião me encaixava - conforme já dito - simbolicamente pelo menos, em várias condições ali representadas, estava eu sentado em um dos lugares sinalizados por essa indicação (torcendo para que não aparecesse ninguém em piores condições do que eu) em um transporte público de Sampa City.
Naquele momento, pensei: "se aparecer alguém em uma das condições destacadas, obrigatoriamente, terei de ceder o meu duro, anti-anatômico, porém tão querido assento...", raciocínio imediatamente substituído por: "por que alguém não teve a idéia de inserir mais uma indicação nessa placa? A figura de um 'acabado'...".
A despeito de minha vontade em esquecer os problemas alheios - por conta do cansaço - ainda tive uma centelha de juízo, o qual me levou a questionar tais ações (as de reservar locais específicos/limitados para determinadas pessoas em circunstâncias diferenciadas), o que me fez lembrar de fatos que testemunho rotineiramente. Excetuando-se aqueles seres "bem-aventurados" que não respeitam qualquer tipo de norma, lei, sinalização...enfim, qualquer coisa contrária à sua vontade, percebo que algumas pessoas levam determinadas situações à risca. Por exemplo, vemos frequentemente em trens do metrô diversos passageiros em pé, havendo próximo a eles um assento preferencial vazio, mesmo não tendo ninguém que justifique, pelo padrão indicativo, sentar-se naquele local, da mesma forma que, ao entrar uma pessoa que possui o direito de se sentar no seu lugar reservado, estando este ocupado, muita gente que ocupa o assento comum se sente no direito de continuar usufruindo do "seu" espaço, tendo sua consciência totalmente limpa, pois não utiliza o recurso daquela pessoa que acabou de entrar...daí vem a premissa popular: "cada um no seu quadrado".
Reflitamos: há a necessidade de que alguém nos sinalize onde podemos e/ou devemos nos sentar, em detrimento daqueles que possuem uma necessidade maior do que a nossa? Ou será que o que deveria imperar nos casos em que nos deparamos com pessoas em condições não tão favoráveis quanto às nossas é o bom senso, a educação, a cidadania, a empatia e a solidariedade??
No meu entendimento, todos os lugares deveriam ser preferenciais para as pessoas indicadas nas placas...mais ainda: todos nós deveríamos ter como princípio que a preferência será sempre do próximo, independentemente de quem seja.
Alguém já se deparou com a experiência de ofertar 100% de algo que está prestes a obter para um terceiro? Referindo-me ainda ao item assento...antes de se apoderar desse recurso em uma condução lotada, oferte a alguém próximo...de duas, uma: ou a pessoa irá aceitar e você mesmo em pé terá uma grata sensação de que fez um bem ao semelhante, ou caso haja a recusa, você terá um bem-estar em dobro...descansando e com o sentimento do dever cumprido. O mesmo ocorre quando os papéis estão trocados...quando alguém te oferece o lugar.
Se atos de gentileza fossem comumente colocados em prática, muitos transtornos do dia-a-dia seriam eliminados. Dar ênfase à educação é um ato de cidadania, no sentido amplo e irrestrito da palavra.