sábado, 9 de junho de 2012

Felicidade artificial

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Era uma tarde ensolarada de domingo, lá pelo início da década de 90, quando 4 rapazes de personalidades muito peculiares, vida social e profissional extremas entre si - mas que em algum momento se convergiam -, como já se tornara habitual nos finais de semana, em uma cidade da Grande São Paulo, se encontravam reunidos em um cômodo no fundo da casa de um deles, para fazer o que era - e ainda é - a paixão comum entre eles: a música.
Como qualquer jovem de qualquer época desde os anos 50 - período de surgimento do que vinha a ser a grande revolução musical do século XX: a criação do ritmo escandaloso e contagiante, de acordes e riffs extasiantes, denominado Rock and Roll -, que se reuniam em garagens dos subúrbios das grandes e até pequenas cidades do mundo afora, esses aficcionados do som tentavam sua sorte em seus momentos de lazer, para criar um trabalho próprio, objetivando, como tantos outros, o sucesso e o reconhecimento, mas acima de tudo, o prazer em fazer aquilo que gostam.
Dessa avidez inócua pela oportunidade de expor idéias em canções, que os tirassem do ostracismo, nasceu o Acidus Máximus, banda puramente, em sua essência, underground, a começar pelo seu nome - nada comercial. Tais fatores que se divergiam inconscientemente entre si instigavam todos os seus componentes a um único objetivo: curtir cada momento.
Os ensaios do grupo direcionavam os ouvintes passivos das redondezas (vizinhos), dentro de sua ortodoxia peculiar padronizada - de uma sociedade nada disposta a encarar ousadias sonoras, ou mesmo comportamentais - a visualizar em suas mentes um bando de viciados nos mais diversos entorpecentes até então existentes, visto a ferocidade da massa sonora que emanava daqueles cômodos nada compatíveis com o que de lá se produzira.
Naquele dia, citado inicialmente, assim como nos demais ensaios, a necessidade de extrapolar toda energia contida nos corpos e nas mentes durante os dias da semana era muito grande, o que levava aqueles jovens a se harmonizarem completamente com o que tocavam. A sinergia era tamanha que os fizeram "viajar" nas improvisações sem tempo para terminar (no mínimo, o que se tocou levou mais de 30 min para finalizar...), o que, ao final, os deixou extasiados, cansados, hipnotizados e em estado de pura lisergia, situação esta que, no patamar de comportamento de uma banda de rock, levaria seus membros a se reabastacerem de uma deteminada substância que produziria novamente as sensações descritas (característica que criou um paradigma social ao se referenciar a artistas, ou aspirantes a tal condição, da música ou de outras vertentes culturais). O óbvio, no entanto, não fazia parte das atitudes daqueles cidadãos, muito pelo contrário.
Quando a necessidade de reativação da energia se fez presente, em razão do desgaste físico gerado, o anfitrião da vez - no caso, o vocalista da banda - apresentou aos demais a droga mais "pesada" até então consumida pelos músicos: um produto em estado líquido, à base de substâncias ácidas, denominado refrigerante.
Sensação de alívio à parte pelos pais dos 4 rapazes, hoje, com a revisão dos conceitos de outrora, conclui-se que realmente eles fizeram uso de uma droga, apesar de seus efeitos nocivos não chegarem perto das que normalmente se utilizam os rebeldes músicos de um grupo de rock and roll. A bebida utilizada pode não provocar uma overdose, com uma parada cardíaca peculiar, mas já deixou para parte de seus componentes, como herança, uma gastrite.
A partir de um modelo de atitudes preconcebidas, por questões sociais, culturais e antropológicas, o público estranhava a divergência que havia entre a imagem e postura da banda com o que havia até então. Mas os 4 tinham em mente que o que importava era realmente o som saído de seus instrumentos e o então chamado "punch" sonoro advinha das cabeças alucinadas de seus criadores, sem a necessidade de subterfúgios para outros tipos de motivadores artificiais.
Nos ensaios, usualmente, dizia-se que a música propriamente dita era o alucinógeno que os levava à criação em nível transcendental.
Com base nesse clima natural que havia durante a execução das composições próprias ou não, vinha-me, e ainda vem, o questionamento: o que leva as pessoas a buscarem em algo o prazer e a motivação que se vai após o término de seu efeito? E ainda com o agravante de esse prazer se transformar em mal estar, fora os malefícios adjacentes, que se tornam permanentes?
As drogas utilizadas desde os primórdios da humanidade tinham objetivos medicinais e até religiosos, no entanto as carências humanas as direcionaram para fins diversos, dentre eles a busca do prazer e da felicidade. A discussão sobre o tema é extensa, assim como complexa, contudo entendo que o principal motivador disso tudo recai em uma necessidade do homem, a qual é, no mínimo, contraditória às suas consequências, por isso cabe aqui a máxima "os fins não justificam os meios".
Desde aquela época até os dias atuais pessoas e mais pessoas buscam encontrar em seu exterior algo que mude e motive seu interior. Frequentemente, vemos novas drogas terem sua destinação desvirtuada para consumo indiscriminado por pessoas que não possuem autorização para manipulá-las/produzi-las, muito menos para comercializá-las. Daí, percebemos que uma das principais razões do alastramento dessas substâncias é a aquisição do dinheiro fácil. E aí o enriquecimento dos aproveitadores das fraquezas humanas se dá por conta de as pessoas não terem a mínima noção que o prazer, a felicidade e a motivação estão dentro de cada um de nós. Basta, para isso, aproveitarmos tudo aquilo que a natureza nos proporcionou, em toda sua essência, e se for necessário algum tipo de transformação que seja para melhor e que os recursos produzidos não tenham efeitos colaterais. Esta é a regra.
Está atrás de fortes emoções, faça esportes radicais; quer paz, medite, ore, ouça uma música tranquila; quer transcender, ame...as opções são diversas...quer ter coragem, além dos outros benefícios anteriores, toque em uma banda!
A premissa deve ser: faça aquilo que traga benfeitorias a si próprio e/ou a terceiros, com a certeza de que este objetivo nunca seja alterado.
Em razão do exposto, é que o Acidus viveu sua curta mas prazerosa trajetória, proporcionando o bem a todos (pelo menos aos que entenderam sua proposta...), mas principalmente aos seus criadores que "viajavam" durante os ensaios e apresentações, embalados somente por uma única "droga" (conceituação advinda da visão dos pais conservadores de qualquer época, quando se referem às músicas que seus filhos ouvem...): o rock 'n roll.
A seguir, posto uma música da banda que foi uma das influências no som do Acidus, a qual inclusive fazia parte da lista de covers executados por ela: Type, do Living Color, grupo que misturava heavy metal com funk e tinha no seu guitarrista um toque com uma pitada jazzística.





quinta-feira, 7 de junho de 2012

O artista nosso de cada dia

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Quando era garoto - há poucos anos atrás...-  divertia-me, diferentemente da maioria das crianças de hoje em dia, fazendo coisas simples, como subir em árvores (adorava um pé de jaca e outro de goiaba que havia no fundo do quintal de casa, que além de gerar as suas respectivas frutas que proporcionavam um "plus" em nossa alimentação, forneciam emocionantes possibilidades acrobáticas e muita imaginação); "voar em solo" como um super herói, com sua capa feita de pano de louça da mamãe; fingir-se de cachorro, aproveitando e compartilhando a casinha do mascote vira-lata que tínhamos na época; dirigir um ônibus imaginário, utilizando-se de uma tampa de panela velha e amassada ou um mini pneu velho como volante do veículo (ficava horas e horas dando voltas pela casa...); brincar com dois isqueiros dos meus avós, os quais eram transformados em ônibus (já deu pra perceber a admiração especial que tinha por esse transporte coletivo...), entre outros meios de diversão, criados sem muitos recursos.
Além das brincadeiras citadas, amava ler histórias em quadrinhos (Homem Aranha, X-Men, Legião dos Super Heróis, Demolidor, Quarteto Fantástico, Sufista Prateado, Os Titãs - e tantos outros - eram os meus prediletos) e também fazer desenhos relacionados às brincadeiras exemplificadas. Os desenhos preferidos eram os de heróis (os já existentes...mas gostava também de criar personagens) e de veículos (advinham quais?? Sim, ônibus...)...uma pena, naquele tempo, não existir ainda câmeras digitais e computadores, pois poderia fazer o que faço com os desenhos de meus filhos (fotografá-los e salvá-los em arquivo. Vide este logo abaixo).


Lembro-me, quando ia à casa de alguém onde não havia crianças para brincar, que levava um caderno, no qual deixava registradas todas as criações geradas de uma mente irriquieta, porém repleta de felicidade. Era capaz de ficar ao longo de todo o dia pintando heróis que dariam pra salvar o universo inteiro, e "lotações" que não deixariam ninguém a pé e nem em pé...
Nesse ritmo, cresci, mantendo alguns hoobies (ainda sou embevecido por 
super heróis), privando-me de outros (não mais dirijo ônibus imaginários...deixei até de gostar um pouco desse tipo de veículo, depois que passei a utilizá-lo, juntamente e ao mesmo tempo que dezenas de pessoas, como meio de transporte diário) e descobrindo uma série de alternativas de passatempo, as quais nos fazem lembrar que nossa existência está repleta de motivos para agradecer diariamente pelo fato de termos a oportunidade de usufruir tudo o que a vida nos oferece.
É difícil entender como algumas pessoas que estão próximas a finalizar sua carreira profissional, em razão da chegada de sua aposentadoria, assumem um rígido discurso de que, ao pararem de trabalhar, nada mais terão a fazer, sentindo-se inúteis antes mesmo de terem a oportunidade de planejar/imaginar o que colocar em prática no que deveria ser a melhor fase da vida do ser humano.
Assim como aquele ser bem-aventurado que traz a arte como seu sustento, para deleite e alegria de terceiros, nós somos os artistas da sobrevivência, quando temos de criar alternativas para lidar com os percalços do cotidiano, assim como quando estamos em busca de novas emoções e formas de prazer. É a criação em prol da diversão. Os instrumentos/ferramentas/recursos estão aí, à disposição de todos...basta abrir-se para o mundo...para a vida...sem medos, preconceitos, paradigmas discriminatórios.
Recordo-me de ter visto uma recente reportagem de uma senhora de mais de 90 anos que realizou seu sonho de pular de paraquedas. Daí, concluímos que a felicidade está mais próxima do que imaginamos, bastando saltarmos para ela.
Trabalhamos, pois vem da profissão que exercemos o nosso sustento, mas há que se ter um meio de entretenimento/lazer, ao menos uma vez na semana, seja para este fim propriamente dito ou como terapia, como forma de expressão ou qualquer outro objetivo, desde que aliado ao seu bem estar.

Dicas de hobbies? Cito alguns, os quais fazem parte da minha vida: ouvir música, ler (qualquer coisa interessante), assistir a filmes em casa com a família, ir ao cinema, levar as crianças ao parque, dançar, nadar, andar, navegar na internet, viajar, fazer massagem, escrever (este, em específico, é um dos meus favoritos...alguém já deve ter percebido...), tocar um instrumento (violão e percussão), conversar, cantar e desenhar (estes dois não são o meu forte, mas faço mesmo assim...vide um exemplo de desenho que gosto de fazer, usando o Paint), além de fotografar (neste caso, amo praticar e apreciar fotografias...colocarei algumas fotos nesta e em outras postagens...), entre tantos que estão por aí disponíveis e são passíveis de se realizar...


















Benefícios disso tudo?? Cabe uma outra postagem a respeito...