sábado, 31 de março de 2012

Felicidade com simplicidade - Parte II


"Ser caipira, ser singelo, pés no chão...nativo do campo, do canto...dos pássaros, do vento, do tempo...
tempo em que pular a cerca significava somente ir atrás de um pé de laranja, de mexerica, de goiaba...do vizinho...inocência pura da cabeça do ser...do sertão.
Jogar com bola de meia, descalço não por opção...a felicidade aflorava em permeio ao céu, à terra (com ênfase nesta), ao fogo - das fogueiras dos santos de junho e julho...
Pela cadência dos trotes dos equinos, percebia-se o trabalho...o orvalho da chuva preconizava a alegria de um novo dia e, à noite, o luau celebrava a conquista, da mais bela vista...da luz do luar na fazenda, no mato, na encosta, na mente preguiçosa - mas vistosa - que só enxerga, na plenitude de sua sinceridade e simplicidade, a tão invejada felicidade, alheia dos males, dos bares e dos avatares de um estereótipo do cidadão da cidade".

Inspirei-me em escrever neste momento - ímpar, diga-se de passagem - em razão de um trecho da letra de uma música ingênua e desprovida de quaisquer perspectivas de grandes pretensões comerciais, mas linda em sua essência...autêntica e em total harmonia com o título em apenso.
Enquanto praticava um dos estados de bem-aventurança do ser humano - que é alimentar o fruto do ventre de sua genitora -, assistia a um programa na SESCTV, produzido originalmente pela TV Cultura, denominado Sr. Brasil, apresentado pelo simplório Rolando Boldrin, que em seus 75 anos dedicou praticamente a totalidade de sua vida à cultura brasileira, principalmente à música interiorana - sertaneja de raiz.
Assim como seu apresentador, o programa possui esse enfoque, tendo seus convidados a similaridade com as características do direcionamento dado por eles.
A citada música, composta pelo compositor, instrumentista, cantador, violeiro e divulgador das culturas regionais brasileiras emolduradas pelas suas canções - e de outros compositores -, Miltinho Edilberto, chamada Cheio de Juras, na ocasião, homenageando a dupla Cascatinha e Inhana - ícones da música sertaneja -, em um dos trechos finais da letra, explana um exemplo de felicidade, quando diz: "Felicidade é uma cabocla pra cheirar"...
Essa frase fez com que minha mente se enveredasse por lembranças de muitas outras coisas de cunho semelhante...ou mesmo sobre a idéia cuja afirmação nos remete. E isso me fez refletir sobre a importância do nosso olfato...mas com o enfoque único no prazer que ele pode nos proporcionar, permitindo-nos que tenhamos contato com todos os aromas agradáveis disponíveis na face da terra...e o quanto podemos extrair dessa nossa faculdade.


A maioria das pessoas já deve ter sentido uma grande sensação de paz e tranquilidade, em algum momento da vida, ao passar por simples experiências como cheirar o travesseiro de sua cama ao se deitar (ato que adoro fazer antes de "pegar no sono"), ou ao sentir o angelical cheiro de um bebê, ou ao sentir a brisa do pós-chuva - quando a água pluvial, depois de limpar as impurezas da cidade, bate nas árvores e auxilia na expelição dos aromas da natureza -, 




ou ao "saborear" olfativamente a fragrância de uma flor ou até mesmo ao abraçar seu ente querido [cônjuge, namorado (a), amante e afins...], conforme citado na composição em questão...sim, isso é felicidade! 

Aproveitar ao máximo momentos como esses funciona como uma terapia e, além de nos fazer muito bem, nos conscientiza da necessidade de agradecermos todos os dias por essa oportunidade...por essa dádiva que é perceber as coisas através de nosso sentido olfativo.

Pare, pense e analise o universo de possibilidades que uma simples atitude tem a condição de nos ensejar prazer e satisfação.
Todos esses exemplos - além de outros que, com certeza, algumas pessoas lembrarão - comprovam o quanto é simples ser feliz, por isso insisti no título da postagem.
Musicalmente falando - ou melhor, escrevendo -, este post demonstra o ecletismo presente nos conteúdos deste ambiente virtual e, acima de tudo, no ambiente mental de minha caixa encefálica, borbulhante pelo fervor das idéias em profunda ebulição, as quais espero que se expandam, contaminando positivamente a todos que por aqui passem. 
Portanto, nessa e em qualquer área, restringir-se não o leva ao aprendizado e ao consequente desenvolvimento. Por isso, fuja do ostracismo cultural/intelectual para o qual certas atitudes o direcionam (criação de rótulos, inserção em facções/tribos/grupos extremistas, restrição ao conhecimento por ser adepto a ideologias inescrupulosas, entre outras) e, como já disse Lulu Santos, "vamos nos permitir".
Finalizando, segue abaixo a ratificação da diversidade aqui presente, em forma de notas musicais: Miltinho Edilberto em companhia da fabulosa mineirinha, Ceumar, durante o programa que tanto me inspirou. 
Puro êxtase...





2 comentários:

Mônica Barros disse...

Nossa..q texto lindo.Viajei p/ dentro de algumas lembranças da minha infância ,qdo cheirava a roupa q meu pai dormia.Depois q ele saía pra trabalhar,eu e meu mano caçula pulávamos pra cama da minha mãe e eu fungava na camiseta q ele dormia e dizia:Ái q cheirinho de papai!!!Ái q saudade me deu agora,meus zoinho tão cheios d'água!!!E como sou filha de nordestinos,adoro cheirar as pessoas,principalmente qdo são bebezinhos.Adoro cheirar a comida qdo estou fazendo,cheirar meu cabelo depois do banho e pasmem...adoro cheirar a roupa do meu marido depois q ele chega do trabalho.Pq ñ é um cheiro de suor,Deus me livre,é um cheiro da pele dele,e ñ é perfume,é coisa de pele mesmo.E ele ainda diz q sou louca,ñ sou não,apesar do meu nariz ñ ser uma Brastemp (tenho carne esponjosa),eu adoro os cheiros e sempre vem acompanhados de uma lembrança,assim como a música.A felicida pode estar onde vc menos imagina!!!

Dorta disse...

Disse tudo! Algumas pessoas precisam descobrir as coisas boas da vida...às vezes, acham que estão muito distantes, mas não é verdade. A felicidade não mora nem ao lado...mora dentro de nós.

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